Pode parecer surpreendente que uma ópera composta há quase dois séculos continue encantando a plateia e lotando teatros no mundo inteiro. Em uma época de bytes e relacionamentos efêmeros e quase virtuais, O Elixir do Amor resgata a singeleza de um amor puro e verdadeiro – e talvez esteja justamente aí o grande charme da história. A gente ainda precisa, muito, desse romantismo.
A ópera cômica em dois atos de Gaetano Donizetti, composta a partir de libreto de Felice Romani, estreou em Milão em 1832, contando a história de Nemorino, pobretão que trabalha no campo e se apaixona pela rica fazendeira Andina. Ela, claro, não lhe dá a menor bola, e arrasta asas para Belcore, sargento mais abonado. Para ganhar a moça, Nemorino cai na lábia do charlatão Dulcamara, que chega ao vilarejo do país Basco, norte da atual Espanha, cenário do enredo original, oferecendo o “elixir do amor” – nada mais do que uma garrafa de vinho Bordeaux, daquelas que fariam qualquer desavisado acordar no dia seguinte com uma tremenda ressaca. O jovem decide, ainda, ingressar na vida militar para ganhar dinheiro e comprar mais uma dose. Inesperadamente, recebe uma herança e vira o galã das moças da aldeia. Sem saber do dinheiro, atribui o sucesso à poção mágica. Como na vida real (e atual), Andina fica enciumada com o assédio e, sabendo dos esforços de Nemorino para conquistá-la, compra a sua libertação na vida militar e se casa com ele.
Para essa montagem de O Elixir do Amor foi escalado um dream cast, como destaca o diretor cênico Walter Neiva, que inclui o tenor francês Sebástien Guezè e a soprano argentinaRosana Schiavi. “A presença de profissionais com experiência internacional no elenco só traz benefícios para os nossos cantores, pois lá fora, com mais demanda de trabalho, existe outra consciência profissional”, destaca. O maestro Emiliano Patarra é responsável pela direção musical e regência, e a direção de produção é de José Roberto Walker. Na cenografia, Sílvio Galvão, responsável pela ambientação do premiadíssimo Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura e do famoso presépio do Museu de Arte Sacra, em São Paulo, que criou o pátio de uma casa de campo no interior da Itália para esta versão da ópera.
Donizetti. Gaetano Donizetti nasceu em Bérgamo, norte da Itália, em 1797. De família humilde, pôde estudar quando o alemão Johann Simon Mayr inaugurou em sua cidade uma escola de música, a Lezioni Caritatevolli. Mayr logo percebeu o talento do futuro compositor e o levou para Bolonha, onde o jovem aprimorou seus dotes sob a tutela do padre Stanislao Mattei, também professor de outro compositor de óperas, Gioacchino Rossini.
O primeiro sucesso de Donizetti foi Zoraida di Granata, em 1822. A consagração internacional veio com Anna Bolena, em 1830, apresentada em Milão, Paris e Londres. Depois vieram Elixir do Amor (1832), Lucrécia Borgia (1833), Maria Stuarda (1834) e Lucia di Lammermoor (1835). Dividindo-se entre Paris e Viena, criou Poliuto (1838), La Fille du Régiment (1840), La Favorita (1840), Linda de Chamounix (1842), Don Pasquale (1843), Don Sébastien (1843) e Caterina Cornaro (1844). O compositor morreu em 1848.
Confira a ficha técnica e outras informações em Temporada 2012.
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