Quem acompanhou as nossas montagens das óperas de câmara Sócrates e O Marinheiro Pobre deve ter percebido o quanto a direção musical e a encenação são elementos importantíssimos no palco.
Para você ficar mais por dentro do assunto nós trouxemos uma pequena entrevista com os dois profissionais que trabalharam na criação desse espetáculo: O encenador Caetano Vilela e o maestro Gabriela Rhein-Schirato.
“A escolha da direção artística por estes títulos foi muito inteligente. São obras curtas, sem coro, que exigem bons solistas e podem ser executadas com segurança neste momento tão especial que estamos vivendo”, destaca Caetano Vilela.
Parto sempre do espaço cênico e das indicações nas rubricas, depois disso, decupo os personagens listando suas motivações físicas de ação e reação. Ignoro construções psicológicas, isso não me interessa, deixo para os cantores, caso queiram, construir ou elaborar essas conexões.
A iluminação é parte indissociável das minhas encenações, este é mais um elemento que utilizo para dar segurança para os cantores, desde o primeiro ensaio eles já sabem como interagir com a luz. Só me sinto seguro para dirigir os cantores depois de saber exatamente qual será o espaço que seus personagens vão ocupar.
São dois títulos muito distintos. Sócrates é praticamente um oratório, não exige ação física. É uma ópera contemplativa e pede uma atmosfera mais sóbria. Já O Marinheiro Pobre tem um enredo mais cotidiano. Utilizo em ambas os recursos de um tule transparente que cobre a cena isolando os cantores dentro de uma caixa em Sócrates, e num jogo de teatro de sombras em O Marinheiro Pobre.
A luz me ajudou muito para resolver as situações que exigiam contato físico, crio a ilusão através das sombras.
Quer saber como funciona a direção musical em uma ópera?
Quem veio contar pra gente um pouco sobre esse processo criativo para o nosso próximo espetáculo, com dois títulos de ópera, foi o nosso diretor musical, Gabriel Rhein-Schirato.
Para Gabriel, o que mais chama atenção é a raridade das obras. “São títulos menos encenados e de grande valor. Sócrates é uma obra pouco teatral e muito intelectual, é um drama sinfônico. Já O Marinheiro Pobre é bastante teatral. São composições raras praticamente de mesma duração, meia hora cada uma”, destaca.
O diretor criou um jogo de timbres diferente para Sócrates, com soprano, tenor, contratenor, barítono e baixo. “O nosso jogo de timbres propõe uma abertura desses personagens, desses textos filosóficos para todas as vozes”, destaca.
Ele lembra que um dos papeis mais importantes de um maestro na ópera é conseguir criar a unidade entre cantores, orquestra, música, texto e cena. Um discurso coerente para todas essas frentes.
O fato deles terem uma orquestração semelhante os aproxima em termos de direção. E também o fato de ambos serem franceses do século XX os aproxima em termos de sonoridade, de estilo. Embora sejam obras com propostas diferentes, elas têm pontos em contato quando pensamos em orquestração, idioma.
Estudo tanto o texto, fazendo a tradução palavra por palavra do livreto, quanto estudo minunciosamente a partitura musical para estabelecer melhor a relação possível entre elas.
No processo de ensaio procuro auxiliar os cantores no que eles precisam ouvir o que eles entendem sobre os personagens, para encontrar boas interpretações cênicas e vocais. Procuro também fazer a ponte para a Orquestra para que tudo tenha unidade.
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