Minha história com o São Pedro começou em 1983. O Teatro Lírico de Equipe, grande formador de artistas líricos durante as décadas de 60, 70 e 80, procurava um teatro em São Paulo com fosso de orquestra para apresentar um “Gianni Schicchi”, de Puccini. Abel Rocha regia e Kátia Guedes, então oboísta, arregimentou a orquestra, conseguindo um grupo de jovens músicos que concordou em tocar sem cachê, já que não havia nenhum dinheiro disponível. Com a ajuda de Sônia Guedes e Antonio Petrin, chegamos ao Theatro São Pedro, que já naquela época clamava por uma reforma. Pensei em como seria ótimo transformá-lo em uma espécie de Volksoper paulistana.
Anos depois, o Governo do Estado decidiu destiná-lo à ópera, e acompanhei feliz o trabalho dos vários artistas e administradores que se sucederam no seu comando, sedimentando esta sua nova vocação. Passo fundamental para a consolidação deste trabalho foi a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, que coroa toda a atividade de um teatro de ópera. Convidado pelo Instituto Pensarte para assumir a direção artística de ambos, Theatro e ORTHESP, estou feliz e entusiasmado com a enormidade do trabalho que me espera.
O Theatro São Pedro é o teatro de ópera do Governo do Estado de São Paulo. Como tal, deve atingir um grau de excelência não só na realização de espetáculos, mas na valorização dos artistas locais e na capacitação de todos os profissionais envolvidos na produção de uma ópera. Cantores, regentes, diretores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, videomakers, pintores, escultores e por aí afora – todos devem encontrar no São Pedro um ponto de referência para desenvolver suas ideias e sua arte.
O São Pedro quer irradiar para a cidade e todo o Estado espetáculos completos e também o conhecimento sobre como realizá-los. Esta é a responsabilidade que temos ao dirigir um teatro de ópera estatal. O São Pedro será um teatro vocal. A ópera, o lied, os oratórios, os ciclos de canções com orquestra, a música de câmara com as diversas formações instrumentais, incluindo voz, serão o centro de toda a nossa programação e de toda a nossa atividade acadêmica.
No total, 105 cantores solistas farão parte da nossa programação em 2015. Destes, 99 são brasileiros e pelo menos 89 foram escolhidos por meio de audições que me deixaram perplexo: constatei a existência de um grande número de jovens talentos, interessados em se dedicar a uma carreira no canto erudito. Vamos investir nesses talentos com responsabilidade. A cidade e o Estado só terão a ganhar com este trabalho e é o que se espera de um teatro público. A programação será variada e abrangente. A criatividade e a experimentação com qualidade serão os motes que nos guiarão. O Theatro São Pedro caminhará, assim, fortalecido para os seus 100 anos, em 2017.
Uma boa temporada a todos. E venham cantar conosco!
Luiz Fernando Malheiro
Diretor Artístico e Regente Titular
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