A ópera Werther, do francês Jules Massenet, estreia no próximo domingo (25) no Theatro São Pedro, com direção dos premiados Luiz Fernando Malheiro (diretor artístico do Festival Amazonas de Ópera) e André Heller-Lopes (ganhador por dois anos consecutivos do Prêmio Carlos Gomes de melhor diretor cênico de ópera).
Além de Fernando Portari e Leonardo Neiva, a montagem conta com grande elenco formado pela mezzo-soprano Luisa Francesconi (Charlotte), pela soprano Gabriella Pace (Sophie), pelo baixo Murilo Neves (Bailli) e por Vinícius Atique, Eduardo Trindade e Max Costa.
A ópera Werther é baseada no romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, escrito em de 1774 por Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), e conta a trágica história do amor de Werther pela jovem Charlotte, que se casa com Albert, levando Werther a cometer suicídio com uma arma emprestada por Albert. O romance de Goethe é, em grande parte, autobiográfico, pois aos 23 anos Goethe se apaixonou por Charlotte Buff, que acabou se casando com Johann Christian Kestner. Na mesma época, um amigo em comum, Karl Wilhelm Jerusalem, apaixonado por uma mulher casada, acabou por cometer suicídio com pistolas emprestadas por Kestner.
Napoleão Bonaparte era um admirador tão fervente do Werther de Goethe que, na juventude, escreveu um texto no mesmo estilo, e levou Werther consigo para sua célebre campanha do Egito. Massenet, autor da ópera, foi um professor concorrido e conceituado no Conservatório de Paris, e teve entre seus alunos o brasileiro Francisco Braga (1868-1945), autor do Hino à Bandeira.
ENCONTROS COM A ÓPERA – eventos paralelos à ópera
Concerto de câmara, palestra e exposição
Paralelamente às récitas, acontece no dia 3 de dezembro, segunda, às 20h, um encontro com o maestro Luiz Fernando Malheiro e o quarteto formado por Claudio Cruz (violino), Horacio Schaefer (viola), Roberto Ring (violoncelo) e Ney Fialkow (piano). Eles falam com o público sobre a montagem de Wether e também da relação com o Quarteto Op. 60“Werther”, de Johannes Brahms, também inspirado no romance de Goethe. A entrada é franca.
De 25 de novembro a 16 de dezembro acontece a exposição Figurinos da Ópera – Romeu e Julieta, com peças do acervo do Theatro São Pedro.
SERVIÇO
WERTHER, ópera de Jules Massenet
25 de novembro e 2 de dezembro às 17h00
27 e 29 de novembro, 1 e 4 de dezembro às 20h00
Theatro São Pedro
ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO
Luiz Fernando Malheiro, direção musical e regência
André Heller-Lopes, concepção e direção cênica
Renato Theobaldo e Roberto Rolnik cenografia
Fábio Retti iluminação
Marcelo Marques figurinos
Fernando Portari, tenor – Werther (25, 27 e 29 de novembro e 2 de dezembro)
Leonardo Neiva, barítono – Werther (1 e 4 dezembro)
Luisa Francesconi, mezzo-soprano – Charlotte
Gabriella Pace, soprano – Sophie
Murilo Neves, baixo – Le Bailli
Vinícius Atique, barítono – Albert
Thiago Soares, tenor – Schmidt
Max Costa, barítono – Johann
Vanessa Portugal, atriz – Kätchen
André Dallan, ator – Brühlmans
ENCONTROS COM A ÓPERA – eventos paralelos
3 de dezembro às 20h
Concerto de Câmara e Palestra
Claudio Cruz, violino
Horacio Schaefer, viola
Roberto Ring , violoncelo
Ney Fialkow, piano
GABRIEL FAURÉ
Quarteto para piano nº 1 em dó menor op. 15
JOHANNES BRAHMS
Quarteto para piano nº 3 em dó menor op. 60, “Werther”
Encontro com o Maestro Luiz Fernando Malheiro
O maestro Luiz Fernando Malheiro conversa com o público sobre a obra e a montagem
Entrada franca
EXPOSIÇÃO DE FIGURINOS DE ÓPERA
25 de novembro a 16 de dezembro
O Theatro São Pedro recebe a exposição Figurinos da Ópera – Romeu e Julieta, com peças do acervo do Theatro São Pedro.
Theatro São Pedro
Rua Albuquerque Lins, 207 (esquina com Rua Barra Funda) São Paulo
T 11 3667.0499 – Metrô Marechal Deodoro (636 lugares)
Classificação: 8 anos
Ingressos
R$ 40,00, R$ 30,00 e R$ 20,00(desconto de 50% para professores, estudantes e pessoas com mais de 60 anos). Bilheteria: quarta a domingo, das 14 às 19 horas.
Ingresso rápido: Tel: 11 4003.1212 / www.ingressorapido.com.br
SINOPSE
Por André Heller-Lopes
1º ato
Estamos na Europa. É verão, entre junho e julho; apesar disso Le Bailli insiste em ensaiar canções de Natal com os filhos. As travessuras das crianças só param quando o magistrado menciona o nome de Charlotte. Irmã mais velha, ela cuida amorosamente dos irmãos desde a morte da mãe, com ajuda da irmã um pouco mais nova, Sophie. Johann e Schmidt, amigos do magistrado viúvo que vierem convidá-lo a ir beber numa taverna, divertem-se com a cena. Comentam sobre um baile que acontecerá naquela noite, para o qual Charlotte está a se arrumar. Como Albert, seu noivo, está viajando, quem a acompanhará ao baile será Werther, jovem brilhante e de futuro promissor – embora um pouco melancólico. Quando todos se retiram, é o próprio Werther quem faz sua entrada. Encantado com a beleza da natureza à sua volta, dá vazão a toda sua paixão e romantismo. Retornam todos com as crianças e Charlotte aproveita para dar a refeição aos irmãos antes do baile. Werther fica profundamente tocado com a cena. Eles partem para o baile e Sophie insiste que o pai vá se juntar aos amigos na taverna. Sozinha, é a única a receber Albert, que chega de surpresa. Falam do casamento próximo e da promessa de felicidade e amor inocente ao lado de Charlotte. A noite cai e o luar inunda a cena.
Werther e Charlotte retornam do baile algumas horas depois; conversam animadamente, de forma quase íntima. Embora seja a hora de se separarem, continuam a conversar evidenciando uma forte e mútua atração. Duas almas tristes reencontraram-se. Werther escuta as histórias que Charlotte lhe conta, e se sente num sonho de êxtase e felicidade. Seu arrebatamento é interrompido pela voz do pai de Charlotte, que anuncia o retorno de Albert, que a moça jurou à mãe que aceitaria como marido. Charlotte parte e Werther sente o desespero invadir sua alma.
2º ato
O outono chegou e vemos Johann e Schmidt beberem vinho em meio aos festejos que acontecem na cidade. Passam pela praça Charlotte e Albert, casados há três meses; ele fala de felicidade, ela dos deveres de uma esposa. Werther observa-os, obsessivamente torturado pela consciência de que outro homem é marido daquela que ele não conseguirá jamais deixar de amar: se Deus tivesse permitido que Charlotte ficasse ao seu lado, sua vida teria sido uma ardente prece – agora sua alma está em lágrimas. Albert retorna e vai ao encontro de Werther, dando a entender que conhece os sentimentos que ele nutriu um dia por Charlotte. Num breve diálogo, Werther promete ser leal: se percebesse ser incapaz de dominar os sentimentos, fugiria para sempre. Sophie aparece com as mãos cheias de flores, cheia de vida e alegria. Albert parte, não sem antes insinuar a Werther que talvez a felicidade possa estar mais perto do que ele imagina, com as mãos cheias de flores. Sozinho Werther confessa a si mesmo que não disse a verdade; só lhe resta mentir ou sofrer sem cessar. Charlotte sai da igreja sentindo-se reconfortada pelo poder da oração, mas encontra Werther, que evoca uma vez mais a memória do primeiro encontro. Charlotte interrompe-o lembrando que Albert a ama e que ela é uma mulher casada. “De que serve perguntar ao louco por que perdeu a razão?”, afirma Werther. Charlotte sugere que deve se afaste, para o bem de ambos, pois a ausência atenuaria a dor. Pede, então, que ele não retorne até a véspera do Natal. Sozinho, Werther cogita o suicídio e pergunta: “Por que tremer diante da morte? Diante da nossa própria morte… afastamos a cortina e passamos para o outro lado. Eis o que chamamos de morrer.” Sophie retorna uma vez mais e tenta tirar Werther para dançar, o que precipita uma fuga quase desesperada. Albert percebe que Werther ainda ama Charlotte.
3º ato
Dia 24 de dezembro, cinco horas da tarde; é inverno. Sozinha, Charlotte relê as cartas que recebeu de Werther, cada vez mais angustiada; não foi capaz destruí-las, tal é o lugar que Werther ocupa agora em seu coração. Sophie aparece e tenta animar a irmã, mas todos os esforços são em vão. Charlotte pede que a deixe chorar pois “as lágrimas que não choramos, recaem na alma… e o coração se quebra.” Só, Charlotte suplica a Deus que a ajude – mas é o próprio Werther quem aparece repentinamente, como em resposta às suas preces.
Com palavras confusas, e dizendo preferir morrer a ter retornado, tenta explicar como seus passos o guiaram involuntariamente até a porta de Charlotte. Numa tentativa de controlar a si mesma e aliviar a tensão que paira no ar, Charlotte relembra os dias felizes e, aotentar desviar a atenção de Werther, que vê a caixa com pistolas sobre o cravo, eles encontram um poema de Ossian, que ele começara a traduzir. O trágico poema – “Por que me despertar, ó sopro da primavera?… Muito próximo está o tempo das tempestades e da tristeza… nada há que encontrar a não ser luto e miséria.” – emociona a ambos, levando a uma incontornável declaração de amor. Charlotte cai nos braços de Werther, entregando-se entre lágrimas a um beijo apaixonado. Tudo dura um instante, porém Charlotte controla-se e foge assustada, jurando nunca mais voltar a ver Werther, a quem chama de “alma desesperada”. Werther anuncia a própria morte; único ato capaz de dar fim à tortura eterna em que vive.
Albert retorna e estranha a casa deserta. Chama a mulher, visivelmente transtornada, e a questiona. Nesse momento chega um bilhete de Werther, dizendo que está de partida para “uma longa viagem” e pedindo emprestadas as pistolas.
O marido ordena friamente à mulher que busque a caixa com as armas. Deixada sozinha, Charlotte se desespera e sai à procura de Werther, esperando não chegar tarde demais.
4º Ato
Charlottte entra precipitadamente no quarto de Werther, e o encontra mortalmente ferido. Ouvindo a voz de Werther, confessa todo o seu imenso amor, que carrega desde o dia em que o viu pela primeira vez: “Senti que uma corrente impossível de se quebrar nos unia”. Os lábios de Charlotte tocam os de Werther, num beijo em que as duas almas de misturam. Ao longe, em meio à neve que cai, Sophie e as crianças cantam a canção de Natal.
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