Governo do Estado de São Paulo
SP + Digital Flickr Governo de São Paulo Linkedin Governo de São Paulo TikTok Governo de São Paulo Youtube Governo de São Paulo Facebook Governo de São Paulo Instagram Governo de São Paulo Facebook Governo de São Paulo

/governosp

Aumentar Fonte Diminuir Fonte Contraste

  • SP + Digital
  • Flickr Governo de São Paulo
  • Linkedin Governo de São Paulo
  • TikTok Governo de São Paulo
  • Twitter Governo de São Paulo
  • Youtube Governo de São Paulo
  • Instagram Governo de São Paulo
  • Facebook Governo de São Paulo
  • /governosp

Idioma   POR   ENG
Ouvidoria
Transparência
SIC
THEATRO SÃO PEDRO ORQUESTRA ACADEMIA DE ÓPERA ORQUESTRA JOVEM LIBRETOS APOIE O THEATRO SÃO PEDRO SEU EVENTO NO THEATRO PROGRAMAÇÃO BILHETERIA NOTÍCIAS FALE CONOSCO ATELIER DE COMPOSIÇÃO LÍRICA
VOLTAR QUEM SOMOS HISTÓRIA FACILIDADES COMO CHEGAR ESTRUTURA MODELO DE GESTÃO POR OS TRANSPARÊNCIA FICHA TÉCNICA
VOLTAR PARCEIROS
VOLTAR SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO USUÁRIO CANAL DIRETO TRABALHE CONOSCO | PROCESSOS SELETIVOS CADASTRE-SE EM NOSSA NEWSLETTER OUVIDORIA PERGUNTAS FREQUENTES
Compartilhe este evento
Notícia
Britten, Shakespeare e Adelburgh

Britten, Shakespeare e Adelburgh

por João Marcos Coelho

A reinauguração do Jubilee Hall, que tinha sido reformado, estava marcada para junho de 1960. A renovada casa do Festival de Aldeburgh, idealizado em 1947 pelo compositor Benjamin Britten (1913-1976) e pelo tenor Peter Pears (1910-1986), marcava a consolidação de um projeto que nasceu com um objetivo simples e direto: fazer música para a pequena comunidade na qual Britten e seu companheiro Pears escolheram viver a maturidade.

Foram nove meses de trabalho intenso, no entanto suficientes para o compositor criar uma nova ópera, tendo Pears como parceiro no libreto. Numa entrevista publicada pelo jornal Observer em 5 de junho de 1960, às vésperas da estreia de Sonho de uma Noite de Verão, Britten esmiuçou todo o processo criativo. “Recebo uma porção de cartas de jovens perguntando como poderiam usar o seu talento, e sempre respondo que devem tentar adaptá-lo àquilo que os cerca. Foi o que aconteceu com Sonho de uma Noite de Verão. A ópera é um exemplo de como as condições locais determinam o que você pode fazer”.

No mundo da ópera, ao contrário da música concertante e instrumental, que tende historicamente a desprender-se daquilo que a rodeia, o vínculo é sempre muito forte com a realidade à sua volta. Um só exemplo, entre centenas: Mozart escolheu melodias populares em Praga para o conjunto tocar no jantar do Comendador, na estreia de Don Giovanni naquela cidade. Mas quando a ópera foi levada a Viena, outras melodias, desta vez populares entre os vienenses, foram executadas.

Voltemos a Britten. Não havia tempo para um libreto original. “portanto lançamos mão de algo que já estava pronto”. A escolha recaiu sobre a comédia de Shakespeare. “Sempre amei Sonho de uma Noite de Verão”, declarou o compositor. Mas, se a transposição fosse integral, “ela teria a mesma duração do Anel wagneriano”, comentou jocosamente.

Os cortes a reduziram à metade. E, anotam todos os musicólogos que se debruçaram sobre o texto shakespeariano e o libreto estabelecido a quatro mãos por Britten-Pears, só existe uma frase apócrifa, acrescentada por eles. “Quando Lysander explica a Hermia por que vai casar-se com ela na casa da tia viúva, a sete léguas de Atenas, ele lhe diz: ‘A severa lei ateniense, que te obriga ao casamento com Demetrius, não nos poderá perseguir lá’ [o acréscimo está em itálico]”, escreve Lauro Machado Coelho (em A Ópera Inglesa). “Ficamos muito atentos”, diz Britten, “para não subestimar nenhuma frase [do texto original da peça], porque é fruto de uma poesia imortal”.

Adoentado – curtiu no inverno uma forte gripe influenza –, o compositor acabou tendo apenas oito meses, a partir de outubro, para trabalhar na música. “Não é a velocidade de um Mozart ou de um Verdi, mas hoje em dia não deixa de ser uma raridade”, constatou orgulhoso na entrevista de 1960.

O musicólogo inglês Julian Budden anota que o compositor “consegue recuperar na música toda a linguagem de Shakespeare, da fantasia poética dos seres sobrenaturais, passando pelos humaníssimos eventos amorosos dos amantes, até as palhaçadas dos artesãos – tudo perfeitamente organizado em um idioma cujas principais influências devem ser procuradas fora de seu solo nativo”. E Budden aponta na sequência que Britten jamais escondeu que Mozart e Verdi eram os pilares de toda a sua criação lírica.

É muito difícil lidar com uma gama de personagens tão ampla. São dezoito, fora os coralistas. Britten estabeleceu alguns parâmetros: para o sobrenatural, vozes brancas: um contratenor para Oberon, um soprano coloratura para Tytania e vozes infantis para as fadas – sem esquecer que Puck, a quem são reservadas apenas as falas, deve ter voz de adolescente. Já os quatro apaixonados recebem uma distribuição vocal espelhada no famoso quarteto de Così fan Tutte, de Mozart: Helena é soprano, e Demetrius barítono; Hermia é mezzo-soprano, e Lysander tenor. Entre os artesãos, Bottom fica num registro que se estende entre o barítono convencional de Demetrius e o baixo profundo de Quince – além, é claro, do esplêndido papel de tenor buffo reservado para Peter Pears como Flute na montagem da estreia, em 1960.

A ambivalência sonho/realidade estende-se naturalmente, como queria Shakespeare, a as paródias, como a engraçadíssima escolha dos nomes dos artesãos que montam a peça Píramo e Tisbe. Lauro comenta isso com traduções precisas: “Representando diversas atividades artesanais, eles também têm nomes escolhidos com intenções satíricas: Bottom (traseiro), o tecelão; Quince (marmeleiro), o carpinteiro; Flute (flauta), o consertador de foles; Snug (atarracado), o marceneiro; Snout (narigão), o funileiro; e Starveling (morto de fome), o alfaiate”. Ele chama ainda a atenção para “a música amorosa mais sensual e comovente de toda a ópera”, que é o dueto de Bottom, enfiado numa caveira de burro, e a rainha Tytania recém-apaixonada por ele por causa do suco mágico que Puck lhe borrifou nas pálpebras enquanto dormia.

A instrumentação é uma verdadeira demonstração do talento inigualável de Britten para a escrita orquestral. A trama mostra três grupos bem distintos – os amantes, os artesãos e as fadas – que interagem entre si. “Usei escritas diferentes e tintas orquestrais específicas para cada grupo”, diz Britten naquela famosa entrevista de 1960 ao Observer. As fadas, por exemplo, são acompanhadas por harpa, celesta, vibrafone, glockenspiel, cravo e percussão. “As fadas são a guarda de Tytania; portanto, alguns trechos são acompanhados por uma música marcial”, explicou Britten. Os quatro amantes recebem um colchão instrumental mais romântico e aveludado, cordas e madeiras; e aos artesãos e seus imbróglios são reservados o fagote e os metais.

Curiosidade; Puck, o personagem que não canta, só recita acompanhado por um tambor e um trompete, foi baseado em meninos acrobatas que Britten viu num teatro em Estocolmo. “Ele é amoral, inocente. Na nossa produção [1960, em Aldeburgh], é interpretado pelo filho de 15 anos de Léonide Massine [célebre coreógrafo dos Ballets Russes de Sergei Diaghilev]. Não canta, limita-se a falar e fazer acrobacias”.

Derradeiro detalhe que transforma esta montagem numa ocasião perfeita para se conferir de perto as habilidades extraordinárias de Britten no trato não só com a música vocal, mas também com o acompanhamento instrumental. “Ela foi pensada”, disse ele em 1960, “para uma sala pequena (…) A orquestra é necessariamente pequena, o que é uma vantagem: dá para trabalhar mais os detalhes e observar mais a disciplina. Os cantores não são forçados a manter um volume vocal uniformemente alto como nas montagens líricas habituais, e portanto podem usar a voz em toda a gama de cores”.

É por tudo isso que Britten é considerado o maior compositor lírico inglês desde Henry Purcell (1659-1695). Desde o sucesso internacional de Peter Grimes (1945), ele declarou que a ópera seria sua “real atividade (…). Sou possivelmente um anacronismo. Sou um compositor de ópera, e é o que vou ser, totalmente”. Outras doze óperas consolidaram sua maestria no gênero. Entre elas, obras-primas como Billy Budd (1951) e The Turn of the Screw (1954). De novo recorro a Lauro Machado Coelho, nosso maior especialista em ópera, autor da monumental história da ópera em mais de uma dezena de volumes parrudos. Ele começa o capítulo sobre Britten no volume A Ópera Inglesa assim: “Se, na ópera do século 20, fosse necessário indicar um pequeno punhado de expoentes realmente grandes, o nome de Edward Benjamin, Lord Britten of Aldeburgh (1913-1976) certamente estaria lá, ao lado de Puccini e Richard Strauss, de Janácek e Alban Berg”.

João Marcos Coelho é jornalista e crítico musical

Categorias
#TheatroSãoPedroEmCasa Balé Beethoven 250 Canto Concerto Concerto Online Cultura Entrevistas Música de câmara Ópera Orquestra Theatro São Pedro Português Voz
voltar
MAPA DO SITE
  • Theatro São Pedro
    • Quem somos
    • História
    • Facilidades
    • Como Chegar
    • Estrutura
    • Modelo de Gestão por OS
    • Transparência
    • Perguntas Frequentes
  • Orquestra
  • Academia de Ópera
  • Orquestra Jovem
  • Apoie o Theatro São Pedro
  • Seu evento no Theatro
  • Parceiros
  • Programação
  • Notícias
  • Fale conosco
    • Serviço de Atendimento ao Usuário
    • Canal Direto
    • Trabalhe Conosco | Processo Seletivo
  • Ouvidoria
Theatro São Paulo 2025 © Todos os direitos reservados
Hous
Ouvidoria Transparência SIC
Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.

Este site utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Consulte a Política de Privacidade para obter mais informações.